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sexta-feira, 1 de março de 2013

Site Curto Circuito Cultural





segunda-feira, 25/02
Fundada em 2006 por Roberto Alvim e Juliana Galdino, a companhia Club Noir vêm desenvolvendo trabalhos em uma das ruas mais diversificadas de São Paulo. A escolha pelo local surgiu “por acaso”. “Estávamos jantando no restaurante Piollin, que normalmente oferece descontos para a classe artística. Depois do jantar, quando estávamos caminhando pela Rua Augusta, vimos uma placa de “aluga-se” na frente deste imóvel. Resolvemos, em um impulso, retirar a placa e ligar para o proprietário no dia seguinte. Em três dias já estávamos lá dentro, começando a arrumar o lugar. No início, o sustentamos dando aulas – pagávamos o aluguel com o dinheiro das mensalidades dos alunos. Mas, menos de três meses depois que ocupamos o espaço, ganhamos o Programa de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo para construirmos ali nosso teatro-sede”, explica Roberto Alvim.

De acordo com Alvim, a companhia surgiu do desejo de trabalhar em um projeto de vida
de longo prazo, que envolvesse outros artistas em uma irmandade de posicionamento
existencial e estético. “Desejo de fazer obras de arte, sem nenhuma concessão a formas
e discursos hegemônicos, ampliando nossas vivências em direções desconhecidas.”

Com funcionamento de terça à domingo, são apresentados no espaço diversos trabalhos.
“Atualmente, apresentamos de terça à quinta, às 21h, a Mostra Brasileira de Dramaturgia
Contemporânea, que reúne a encenação de 8 peças inéditas de novos autores. A
entrada é gratuita. E de sexta à domingo (sextas e sábados às 20:30h, domingos às
19:30h), estamos apresentando o projeto Peep Classic Ésquilo, no qual encenamos a
obra completa do primeiro autor da história do teatro. Os ingressos custam R$ 20 reais
(inteira) e R$ 10 reais (meia para estudantes, professores, classe artística, idosos).
Quanto às oficinas: eu dou uma oficina de dramaturgia aos sábados, de 10h às 13h, com
entrada gratuita e a Juliana coordena duas oficinas de atuação, de segunda à quinta, pela manhã”.
Quando a companhia recebe patrocinio, eles procuram oferecer as atividades que
acontecem no espaço de forma gratuita ou com preços populares. “Atualmente, temos o
Fomento ao Teatro (que está patrocinando nossas montagens das tragédias de Ésquilo),
e temos também o Procultura do MINC – FUNARTE, que está patrocinando nossa Mostra
Brasileira de Dramaturgia Contemporânea”, ressalta.

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Trajetória
Somente no ano passado, o Club Noir realizou 15 estreias “com uma reverberação excelente de público e crítica”. Recentemente, a companhia recebeu o prêmio APCA pelo projeto Peep Classic Ésquilo, sendo também eleita por um grupo de críticos da Folha de São Paulo como a melhor estreia do teatro nacional em 2012 . Sobre o diferencial do grupo, Alvim responde: “Nosso trabalho se pretende singular. Ninguém faz o que fazemos, em nenhum lugar do mundo. Não estou dizendo que é bom ou ruim, isso cabe a cada um decidir. Mas trata-se de uma contribuição que até então nenhum outro artista havia dado para a história do teatro. Ir ao Club Noir significa caminhar por veredas estéticas desconhecidas.”

O destaque do trabalho realizado pelo grupo está no tipo de teatro que é feito pela
companhia. “Criamos um sistema cênico original, que se desdobra de diferentes e
imprevisíveis modos em cada uma de nossas montagens. Para saber mais a respeito,
recomendo que se leia meu livro chamado Dramáticas do Transumano, lançado pela editora 7 Letras. Trata-se de um teatro de invenção radical, que recusa sistemas formais reconhecíveis, e que se norteia por uma transfiguração poética do real, através da instauração de outros mundos, habitados por outras formas de vida.”

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Viver de arte no Brasil
Dentro de uma metrópole com tantas ideologias, tribos e caminhos a percorrer, sustenta-
se como artista requer muito trabalho e empenho. “Se você faz teatro de arte, isto é,
obras de invenção, que procuram trilhar caminhos estéticos desconhecidos, então só é
possível fazê-lo (e sobreviver disso) em São Paulo. Nesta cidade há interesse do público
por trabalhos de invenção, e há mecanismos estruturantes (como o Fomento ao Teatro,
por exemplo) que tornam possível a vida de uma companhia como o Club Noir”, diz
Roberto e ainda destaca: “Há pelo menos 50 companhias como a nossa em São Paulo,
todas com casas lotadas todas as noites, fazendo obras sem concessões ao senso-
comum.”

Além do lado artístico, viver de arte no Brasil requer um olhar empreendedor. “Em teatro
não há um mercado que vai te assimilar – a não ser que você queira fazer produtos
culturais. Mas se seu interesse é no teatro como arte, então você tem que se juntar com
aqueles que acreditam nas mesmas coisas, criar uma companhia e começar a trabalhar,
de modo kamikaze à princípio. E aí, com a gradativa reverberação de seus primeiros
trabalhos, começar a pleitear apoios financeiros em Editais públicos”, evidencia e ainda
fala se é possível conciliar arte e empreendedorismo: “Existe interesse e público para
todos os tipos de obras em uma cidade cosmopolita como São Paulo. Portanto, não há
que se conciliar nada: fazemos obras de arte para o outro – que são aqueles que vêm ao
nosso teatro, dialogar e experienciar nosso trabalho. É um processo único e orgânico, que
envolve a elaboração das obras e a apresentação delas ao público que se interessa pelo
que fazemos.”

Para quem está começando nessa estrada, Alvim dá a dica: “Juntar-se àqueles que se
comprometam com o mesmo projeto de vida, criar uma companhia e trabalhar”, finaliza.
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