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quinta-feira, 17 de maio de 2012

A mante. Folha de São Paulo 17/05/2012


do site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1091558-amante-e-a-doenca-da-morte-revisitam-obra-de-marguerite-duras.shtml

"Amante" e "A Doença da Morte" revisitam obra de Marguerite Duras


GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A visão poética de Marguerite Duras (1914-1996) incide sobre a vida de forma desestabilizadora. A autora e roteirista francesa, que ganhou notoriedade com livros como "O Amante" e filmes como "Hiroshima Mon Amour", dedicou-se a instaurar zonas insólitas com sua escrita.

Duras inspira dois espetáculos que devem se destacar na cena teatral de São Paulo.

"Amante", que estreia neste sábado, foi escrita e encenada por Roberto Alvim e é livremente adaptada do livro "A Amante Inglesa", escrito por Duras nos anos 1960. E "A Doença da Morte" é transposição aos palcos de uma obra de 1982, sob a direção de Marcio Aurelio.

As dramaturgias abertas dos dois espetáculos misturam os espaços real e mental, além de embaralharem passado, presente e futuro.

"Os discursos de Duras não se localizam no âmbito da comunicação unívoca, de uma só interpretação possível, mas na instância polissêmica da poesia, em que vários sentidos são aceitos. Sua obra instaura o enigma permanente", define Alvim.

Lenise Pinheiro/Folhapress

Paula Cohen e Eucir de Souza em "A Doença da Morte"
Habituado a reconstruir os textos que inspiram suas montagens, Aurelio desta vez segue à risca as palavras e os apontamentos da autora para a adaptação teatral de "A Doença da Morte". "Duras é uma grande poeta. A experimentação que ela propõe gera uma construção espetacular", diz.

MUNDO PARTICULAR

"Em Duras, cada frase contém um mundo", diz Paula Cohen, atriz que forma, com Eucir de Souza, o casal protagonista de "Doença", cujo título diagnostica o mal da contemporaneidade. Segundo Aurelio, a doença da morte é a incapacidade de amar.

Para Souza, Duras apresenta uma situação que teria potencial para se tornar uma história de amor. "O homem e a mulher poderiam se relacionar, se olhar como pessoas, ficar juntos. Mas isso não acontece", adianta.

Diferentemente de Aurelio, Roberto Alvim opta pela reconstrução total da obra de Duras. Radicaliza a tentativa da autora de dar contornos poéticos a uma investigação de um crime real ocorrido na França nos anos 1960.

Com a ajuda das atuações de Juliana Galdino e Caco Ciocler, o diretor constrói uma obra em que a apuração do caso se desenrola de forma ainda mais pulverizada, cheia de significados.

"Queria recuperar a potência causada pelo texto quando foi escrito. Hoje estamos preparados para instâncias poéticas menos explicativas", observa, alfinetando colegas de ofício. "A produção atual [do país] é muito infantilizada, didática, unívoca. Minha intenção foi criar uma peça que desse autonomia de percepção ao espectador."

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