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domingo, 11 de abril de 2010

ClickCultural entrevista diretora de H.A.M.L.E.T


Tiago Alcantara, do ClickCultural


É preciso coragem para estrear como diretora montando simplesmente a obra mais encenada de Shakespeare em todo o mundo. Foi exaramente isso que fez a atriz vencedora do Prêmio Shell, Juliana Galdino.


A peça H.A.M.L.E.T estreou em março e faz temporada as sextas e sábados, às 21 horas e aos domingos às 20 horas, no Club Noir, em São Paulo até maio. Confira abaixo a entrevista de nossa equipe com a atriz e diretora:


ClickCultural - Essa é sua estreia como diretora de cara com uma versão de Shakespeare. De onde surgiu a ideia?


Juliana Galdino - Acredito ser fundamental escolher uma obra, um texto onde as questões propostas pelo autor acabam refetindo as suas próprias questões. Não escolho uma obra pensando no que eu posso fazer com ela, mas no que ela pode fazer comigo. Uma obra que desdobre para além das fronteiras conhecidas o ser humano em toda sua potência.


ClickCultural - Você sente uma responsabilidade em função do peso do texto?


Juliana Galdino - A mesma se estivesse montando Nelson ou Plínio, ou Tchecov. Há um longo percurso entre a escolha e a realização da obra. Já assisti montagens em que o autor poderia ser considerado um estúpido. É um verdadeiro massacre! A encenação e a atuação, todas as escolhas estéticas, todos os signos devem ser colocados de maneira a dialogar com o inconsciente da obra, com o inconsciente do autor, e nunca o contrário, para que a platéia também possa deixar sua sensibilidade re-agir plenamente.Tenho um respeito muito grande pela platéia e acho que apresentar a ela um ser humano infantilizado, superficial, banal, ou uma obra maniqueista ou simplista é uma loucura.


ClickCultural - O texto já foi adaptado e é famoso em todo o mundo. Na sua opinião qual é o diferencial dessa releitura?


Juliana Galdino - Meu Hamlet não é viagra, é pau mole mesmo. Não é herói nem vítima, é qualquer um, é ninguém e é uma alteridade. Fisicalizar as metáforas foi o meio, não para reduzir, mas para valorizar as significações contitidas na obra. Anestesiar Hamlet em uma cama de hospital, na tentativa de eliminar sua sensibilidade, tornando-o indiferente e apático, por exemplo, é, ao meu ver, um posicionamento político, crítico, que além de detectar um sintoma contemporâneo, questiona-o e o subverte.


ClickCultural - Hamlet, nesta versão é um homem obeso e que vive dopado. Como se deu este processo de reler os personagens e acrescentar características contemporâneas?


Juliana Galdino - A conquista da sigularidade é a maior de todas as conquistas. Num mundo onde, desde a primeira infância somos bombardeados por uma cultura hegemônica, por padrões de comportamento que só primam pela adequação, pelo adestramento, pela desistência do novo e pela resolução dos mistérios da vida. Francamente, não consigo imaginar outro lugar para descansar a "sólida carne" de um Hamlet do sec. XXI. A roupagem pode até ser atual, mas continua sendo a velha nova roupa do rei...


SERVIÇO

Temporada: Estreia em 13 de março, às 21h. Segue até 23 de maio. Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 20h.

Local: Club Noir - Rua Augusta, 331 - Consolação - São Paulo/SP.

Contato: (11) 3255-8448

Preço: R$30 e R$15

Classificação etária: 18 anos

Duração: 70 minutos

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